Coluna - O poder maligno (ou benígno) do hype

Se você tem o costume de acompanhar as grandes feiras de games internacionais, é muito comum surgir uma empolgação exacerbada que começa a entrar em nossas mentes ao ver um vídeo ou teaser de um jogo que parece ser tudo o que você precisa jogar antes de morrer. Pois é, podemos analisar este caso como um possível sintoma da síndrome do hype.

Este elemento pode parecer apenas uma inofensiva expectativa, mas acredite, ele pode alterar a sua percepção, fazendo com que você ame um jogo ou odeie ele de forma injusta, fazendo com que você despreze ele ou ame de uma forma absurda.

O mais clássico dos exemplos é um dos hits da E3 2012. Sim, estamos falando de Watchdogs, que deixou muitas pessoas de queixos caídos ao verem a quantidade de possibilidades que a jogabilidade poderia oferecer através da mecânica de hackear a cidade inteira com um smartphone. Além disso, os gráficos apresentados no trailer possuíam uma quantidade absurda de detalhes, fazendo com que muitos se interessassem pela aquisição de um console da geração atual (PS4/Xbox ONE).

Caso Watchdogs

Independente de você achar que Watchdogs é uma porcaria/obra de arte, é preciso encarar uma verdade: Watchdogs não é excelente como esperávamos, mas também não é tão decepcionante quanto falam por aí.

É certo que a empresa Ubisoft apostou muitas fichas, utilizando em alguns anúncios que o game inovaria o mercado com a liberdade de exploração de mapa e jogabilidade inovadora, mesmo não sendo esse exatamente o produto que pudesse ser entregue. Eu pessoalmente não joguei Watchdogs, mas através de vídeos e reviews, é possível perceber que o game foi injustamente negativado devido à expectativa que foi criada, e não exatamente por ser um título insatisfatório que merece o seu total desprezo.

Os "overhateds"

Outro caso muito curioso da "síndrome do hype" ocorreu no lançamento do jogo The Last of Us. O trailer do game foi considerado um dos melhores de 2012, sendo nomeado em muitos eventos, o melhor vídeo de apresentação. O seu lançamento ocorreu em junho de 2013, fazendo com que as críticas ficassem estarrecidas com o grande jogo que foi entregue pela Naughty Dog (a mesma empresa que desenvolveu os primeiros jogos da franquia Crash Bandicoot).

É muito justo afirmar que a trama é realmente envolvente, trazendo personagens tão convincentes a ponto de fazer com que você se importe com o destino de cada um deles. Entretanto, é um grande engano afirmar que ele é o "Cidadão Kane dos games". Esta afirmação foi tão exagerada, que acabou virando uma das maiores discussões do final da geração PS3, sendo um dos games divisores de águas, do tipo "ame ou odeie".

Por mais que o as nossas preferências gamísticas sejam movidas por nosso lado subjetivo, é possível fazer uma análise com um pouco mais de frieza e descobrir o que realmente vai trazer a satisfação de jogar, considerando tudo o que você já jogou e gostou, mantendo o máximo de distância das promessas mirabolantes das empresas de games que fazem de tudo para vender o seu "peixe".